02/06/2011

Hoje vou falar um pouco de economia e mercado de trabalho. Dêem uma olhada nas tabelas abaixo, extraídas das informações oficiais do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que registra o fluxo de empregos formais, isto é, com carteira assinada. Não inclui, evidentemente, assalariados estatutários (funcionários do governo).

Vejam só: desde 2003, em praticamente todas as faixas de remuneração acima de dois salários mínimos, o número de demissões superou largamente o de admissões. Sob este ângulo, a ocupação naquelas faixas desabou. Não parece surpreendente? Somente no biênio 2009-2010, o número de demissões foi maior que o de admissões em 800 mil nas faixas de remuneração superiores a dois mínimos. A Indústria de Transformação respondeu por cerca de um terço dessa perda.

Afora o crescimento da demanda por trabalho menos qualificado, a expansão das ocupações formais nas faixas de salários baixos se deveu a um avanço da fiscalização no mercado de trabalho, facilitada pela transferência à Receita Federal da arrecadação do INSS.

O encolhimento das ocupações acima da faixa de dois salários mínimos tem muito a ver com a desindustrialização, que, direta ou indiretamente, reflete a perda de dinamismo de nossas exportações de manufaturados e a maior competitividade das importações que substituem produção doméstica.

Devido à política econômica lulista – juros reais na lua, câmbio ultravalorizado, tributação perversa e infraestrutura em colapso —, uma herança que o atual governo não sabe como tratar, tornou-se muito caro agregar valor dentro do Brasil.

Não é por menos que estamos vendendo celulose para a China e dela começamos a importar papel. Manufaturar alumínio também vai se tornando desvantajoso: melhor extrair o minério e montar a indústria no Caribe. A Vulcabras acaba de demitir 800 funcionários da sua fábrica no RS, onde produzia calçados da marca Azaleia. Agora, a produção é na China.

Em suma, viramos grandes exportadores, isto sim, de bons empregos para o exterior.