Segue abaixo manifestação que fiz no dia 3 de maio, no Plenário do Senado,  a respeito do agravamento da crise política na Venezuela:

Repudiamos veementemente a última investida do Governo da República Bolivariana da Venezuela contra a única instituição democrática que segue de pé naquele país: a Assembleia Nacional. O golpe de Estado que o Presidente Nicolás Maduro pretende levar adiante, por meio da convocação extraordinária de uma assembleia constituinte sem participação do Poder Legislativo constitucionalmente instituído, removerá qualquer resquício de democracia na Venezuela. Trata-se de mais um ataque contra o Poder Legislativo, que o Governo venezuelano vem tentando silenciar desde a derrota que sofreu nas eleições parlamentares de 2015. Naquela ocasião, o voto do povo venezuelano concedeu à oposição uma ampla maioria de 3/5 no Parlamento.

A assembleia constituinte, que o próprio Presidente Maduro qualificou de “chavista” em seu discurso, numa alusão que não deixa dúvidas quanto à sua parcialidade, será composta por 500 membros. Maduro indicou que pretende garantir que pelo menos a metade deles sejam escolhidos entre representantes de organizações sociais, controladas pelo Governo, com o intuito conspícuo de aprofundar – quiçá eternizar – seu poder.

A pretensão do Governo venezuelano agrava a crise institucional e humanitária da qual o país tem sido vítima, acirrando ânimos e levando ainda mais violência às ruas. Ao destituir, na prática, o poder do voto popular e ignorar o desejo dos venezuelanos, o Governo leva ao ápice a opressão a seus opositores e retira do povo a esperança de conseguir, pelas vias regulares e democráticas, virar esta triste página de sua história.