O governo federal procura transformar o limão em limonada. Colocado diante da evidência de irregularidades amplamente disseminadas pela administração, trata de inverter o jogo.

 

O mesmo grupo político que loteou o governo, que transformou a máquina estatal numa federação de feudos, diz agora que vai corrigir o que fez, como se não tivesse nada a ver com o que foi feito. Será?

 

Mudanças para melhor são sempre positivas, mas é o caso de observar como vai ser extirpado um problema que até ontem o próprio governo e o PT tratavam como solução: o aviltamento de alianças. Afinal, esse foi um conceito político que produziu a candidatura vitoriosa na última eleição presidencial e que foi mantido no atual governo. O aparelhamento da máquina estatal continuou, aliás, exatamente como era antes.

 

Seria positivo que a tal faxina fosse além da retórica e da remoção pontual de gente politicamente menos musculosa, instalada em pontos estratégicos que o núcleo governamental deseja controlar melhor. Mas, em face da fórmula que deu certo, é perfeitamente legítimo o ceticismo de boa parte das pessoas a esse respeito.

 

Além disso, o mesmo poder que promete a faxina completa exibe diuturnamente a indecisão como método. A ponto de a tal faxina parecer mais um ajuste de contas interno e menos a verdadeira limpeza que o país espera.